O que há de estranho em mim - Gayle Forman


Autora: Gayle Forman
Editora Arqueiro
(Livro cedido em parceria)
2016 -  217 págs.

Lembro que quando esse livro foi lançado fiquei interessada, mas um pouco apreensiva já que esperava me envolver mais na leitura de 'Eu estive aqui', meu primeiro contato com a escrita da Gayle Forman, além disso fiquei com medo da narrativa ser muito carregada, já que a história seria sobre reformatórios comportamentais. Mas qual foi minha surpresa ao começar a leitura de O que há de estranho em mim. Eu fui fisgada logo de cara pela narrativa em primeira pessoa da protagonista, uma jovem de 16 anos que vê seu mundo desabar e apesar de tudo conspirar contra, ela consegue se manter firme e dar a volta por cima mudando para melhor não só a sua realidade, mas a de todas que estavam na mesma situação que ela. A tempos não lia um livro que me empolgasse tanto e mexesse com meus sentimentos.
A leitura fluiu maravilhosamente bem, capítulos curtos e poucas páginas para uma história que poderia ter tido mais algumas páginas se a autora quisesse ter desenvolvido com mais detalhes o final, porém a objetividade já característica da Gayle Forman me convenceu e me emocionou.

Para mim essa história foi mais uma vez um meio que a autora encontrou para chamar a atenção de todos para um tema de certa forma desconhecido, porque muitos acreditam que existe a possibilidade do uso da crueldade como falsas terapias em instituições de correção, mas no geral não tem a noção da gravidade/dimensão do que acontece realmente com os internos. E para piorar a fiscalização em cima dessas falsas clinicas/escolas é muito fraca, deixando assim elas livres para cometer desmandos absurdos.

No caso específico desse livro, Red Rock é uma escola - reformatório que promete através de terapia confrontativa e trabalhos braçais mudar/curar meninas com desvios de comportamento e aparência como: distúrbios alimentares, garotas acima do peso,  garotas que praticavam automutilação, cleptomaníacas, garotas com tendências suicidas, garotas revoltadas, gays etc. Mas na realidade a Red Rock não melhora ninguém, apenas as tratam com crueldade e tentam fazer uma lavagem cerebral.

Mas clama, não pensem que só encontrarão esse tipo de crítica e descrição no livro, pelo contrário ele nos mostra um grupo de jovens que se conhecem na Red Rock e tentarão encontrar uma forma de sobreviver ao dia a dia de clausura e trabalhos forçados, e claro buscarão uma forma de sair da situação caótica que se encontram, chamando atenção de todos para os absurdos ocorridos na instituição.

Mega indico essa leitura para aqueles que como eu se envolvem fácil com personagens que buscam aceitação e compreensão; personagens que apesar de decepcionadas com quem deveria lhes proteger e amar acima de qualquer coisa, lhes tranca em um lugar distante sem nem ao menos uma conversa aberta e sincera, mesmo assim Brit (a protagonista) não guarda rancor, tenta entender os motivos e perdoa o erro cometido. Essa personagem em inspirou e me pareceu bem mais madura que o esperado para uma adolescente de 16 anos. Enfim leitura indicada para todos, essa é daquelas leituras que você sofre lendo mas no final fica com o coração tranquilo por tudo ter se resolvido da melhor forma possivel.


Quotes

 "Logo nos primeiros dias na Red Rock, acho que consegui entender como se sentem os animais de um zoológico." pág. 17

"Chamam de escola, mas na verdade é um manicômio, um reformatório, um campo militar para correção de desvios comportamentais, um depósito de adolescentes desajustados e rejeitados pelos pais." pág. 35

"O que a Red Rock quer, é me transformar numa espécie de robô que nunca vai discordar da minha madrasta, levantar a voz para o meu pai e fazer coisas "rebeldes" como tocar numa banda ou pintar o cabelo. O que vocês não entendem, o que o papai não entende mais, é que não sou nem nunca fui rebelde. "Sempre dance conforme a sua própria música", era o que a mamãe costumava dizer para mim. E era assim que ela levava sua vida também. Portanto, eu não saí dos trilhos. Apenas escolhi trilhos diferentes. E é por isso que estou aqui." pág. 82

"Quando me trancaram na Red Rock, comecei a me sentir vazia, cansada e, na maioria das vezes, revoltada. Em alguns dias, eu simplesmente desejava desaparecer da face da terra. Portanto, não só eu não fazia a menor ideia de quando poderia voltar à minha vida normal, como também não sabia quem eu seria quando isso enfim acontecesse." pág. 96

"Os adultos tinham abandonado seu papel, buscando refúgio num casulo de ignorância para depois dizer que os filhos é que eram desajustados. Não dava mais para confiar neles. Não havia mais ninguém para nos orientar, para cuidar da gente. Então só nos restava uma coisa: cuidar de nós mesmas." pág. 157

"É um total absurdo que os órgãos públicos estaduais e federais não imponham nenhum tipo de controle sobre essas instituições, o que dá ensejo aos mais diversos abusos." pág. 165

Fonte da Imagem: Blog Um livro ou dois


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7 comentários:

  1. Oi Aline!
    Esse é um livro que eu queria ler desde que foi lançado, já que adorei a escrita da Gayle Forman, e a sinopse me interessou muito. Sua resenha então, só me deixou mais curiosa, O que há de Estranho em mim parece realmente incrível!
    Adorei saber que a protagonista não é daquelas que "reclama/odeia tudo", mesmo que a situação dela não seja das melhores. Também achei maravilhoso o fato de a autora chamar a atenção para essas clínicas que, muitas vezes, querem "curar" coisas que nem doenças são.
    Espero poder ler a obra logo!
    Beijos,

    http://lucyintheskywithbooks.blogspot.com.br/

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  2. Oi, amiga!
    Tenho dois livros dessa autora para ler, mas ainda não fiquei curiosa o bastante para pegá-los. Quando li a sinopse desse livro ele não chamou minha atenção, vou ler primeiros os que já tenho dela e se gostar da escrita e estilo da autora invisto no livro. :)

    Beijos,

    Rafa [ blog - Fascinada por Histórias]

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  3. Olá,
    Adorei os quotes e eles me deixaram mais curiosa ainda pela obra.
    Ainda não tive a oportunidade de conhecer a escrita da autora, mas essa objetividade característica dela parece dar um toque a mais no final.
    A premissa do livro é bem interessante e concordo que essas terapias cruéis de nada adiantam.

    http://leitoradescontrolada.blogspot.com.br/

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  4. Olá!
    Eu entendo bem a sua apreensão com Gayle Forman, eu li Se eu ficar e me decepcionei um pouco com a leitura, mas depois li Apenas um dia e Apenas um ano e ambos entraram para minha listinha de favoritos, assim, aquela primeira impressão sobre a autora, passou.
    Tenho muita curiosidade para ler O que há de estranho em mim, principalmente pelo tema tratado na história. Quero conhecer como Gayle abordou o assunto. Espero lê-lo em breve.
    Beijos.

    Li
    literalizandosonhos.blogspot.com.br

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  5. Essa resenha ficou tudo, adorei o livro, me deixou com muita vontade de ler! Esse tipo de assunto me chama a atenção, principalmente quando se volta pra aceitação feminina. Parabéns, adorei.

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  6. Olá Aline tudo bem, quero muito ler esse livro, gosto do tema abordado e assim como vc no livro eu estive aqui gostei muito da narrativa da autora, ambos os livros lidam com assuntos delicados, talvez alguns leitores podem não entender a mensagem que o livro quer transmitir, eu sou muito curiosa com esse tipo de livro, por isso assim que tiver oportunidade eu vou ler. Bjkas

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  7. Ola Lindona eu ainda não fiz as pazes com essa autora, pois odiei a continuação de Se eu ficar, lendo sua resenha me empolguei com esse livro, a premissa em si já me chamou atenção com o dela da história. Vou ler e quem sabe fazer as pazes com a autora. beijos

    Joyce
    www.livrosencantos.com

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