Cinquenta tons de cinza - E. L. James

Autora: E. L. James
Editora: Intrínseca (emprestado)
2012
455 págs

Lembro que quando esse livro foi lançado as opiniões divergiam de forma assustadora e na época eu ainda não tinha o hábito de ler livros de ficção erótica, então decidi evitar sua leitura o máximo de tempo possível, mas minha mãe comprou o box leu e deixou a minha disposição. Mas confesso que só depois de ver o trailer do filme tive minha curiosidade despertada e decidir iniciar a leitura. Garanto que para aqueles que estão acostumados com os livros da Abbi Glines, assim como eu, não se chocarão com as cenas mais hots. Claro que o conteúdo sadomasoquista foi totalmente novo para mim que não tinha muita noção. Para se ter uma ideia vejam essa definição do Wikipédia:

"Sadomasoquismo refere-se a relações entre tendências diferentes entre pessoas buscando prazer sexual na dor. O termo sadomasoquismo seria a relação entre tendências opostas, o sadismo e masoquismo.
O sadismo é a tendência em uma pessoa que busca sentir prazer em impor o sofrimento físico e moral a outra pessoa.
O masoquismo é a tendência oposta ao sadismo, é a tendência em uma pessoa que busca sentir prazer em receber o sofrimento físico e moral de outra pessoa."

A partir daí iniciei a leitura e a primeira coisa que me conquistou logo de cara foi a narrativa: empolgante, rápida e objetiva. Sabe quando você entra de cabeça na história e esquece até de respirar??? Foi assim comigo. Aos poucos a história dos personagens foi me envolvendo e prendendo minha atenção e despertando minha curiosidade. Confesso que minha vontade era ler a trilogia seguida, mas decidi parar um pouco para respirar, mas não demorarei para ler os outros livros.

Assim como a personagem Anastasia Steele (Ana, como gosta de ser chamada) foi apresentada ao mundo do Jovem bilionário Christian Grey, fui junto com ela e posso garantir que senti sua curiosidade, sua atração, seu medo, sua paixão e toda ebulição de sentimentos que se transformou a vida dessa jovem ingênua estudante de literatura (história narrada em primeira pessoa pela Ana). Não posso deixar de destacar o personagem do Christian, o menino rico com seu olhar cinza que esconde segredos e manias assustadoras e sedutoras ao mesmo tempo. Ele que sempre conseguiu fazer com que todos fizessem tudo que ele desejasse, encontrou uma garota que irá desafiá-lo e fazer com que ele tenha várias primeiras vezes, quebrando assim seu ciclo vicioso de anos. Gostei de acompanhar o relacionamento deles e perceber como cada um modificou o outro, apresentando mundos e possibilidades diversas.

Posso dizer que essa leitura foi intensa, envolvente e empolgante, mas preciso deixar claro que acredito que o leitor precisa ter maturidade suficiente para entender que alguns comportamentos podem ser aceitos na ficção, mas na realidade eles precisam ser tratados. A forma autoritária, paternalista e o sentimento de posse do Grey é consequência de um passado problemático e por isso seu comportamento e sua forma de sentir prazer são tão exóticos. Acredito também que entre quatro paredes tudo que for de comum acordo do casal é permitido, a busca do prazer mútuo não pode ser condenada. Mas para se ter um relacionamento verdadeiro e duradouro os dois precisam estar dispostos a ceder e agradar um ao outro, evitando assim a violência e atitudes degradantes.

Então de uma forma geral acredito que a autora conseguiu levantar muitos questionamentos com sua história, tirar o assunto do privado para o público e fazer cada um pensar em seus limites, escolhas e superação de medos. Claro que a linguagem em alguns momentos me chamou atenção, mas entendo que faz parte do estilo a que o livro está inserido. Assim acredito que um leitor cheio de pudores, preconceitos ou falta de pratica deveria sim passar longe dessa série. Mas se você é do tipo de leitor eclético, que gosta de ler um pouco de tudo para formular sua opinião e saber se aquele estilo literário tem algo a lhe oferecer, fica a dica. Esse pode sim ser considerado um dos livros mais picantes que já li, como já falei, pelo diferencial do contexto: Prazer e dor, recompensa e punição envolvidos.

Gostei da escolha dos atores para interpretar o casal:

"Sou uma desajustada. Nunca me encaixei em lugar algum e agora ... Tenho uma proposta indecente do Rei dos Desajustados para considerar. Por que ele é assim? Natureza ou criação? Isso é muito diferente de tudo que conheço." Pág. 117

"Sei naquele momento que faria qualquer coisa por esse homem. Sou dele. O milagre que ele me apresentou ultrapassa qualquer coisa que eu poderia ter imaginado. E ele quer levar isso mais longe, bem mais longe, para um lugar que eu, na minha inocência, nem consigo imaginar." Pág. 130

É isso meus queridos, espero que eu tenha conseguido expressar o que senti com essa leitura. Não falei muito do enredo, por se tratar de uma história de conhecimento geral e para não liberar informações demais para quem ainda não leu. Acredito que o leitor precisa embarcar na história com a mente mais aberta possível para poder se deixar envolver com os dramas e as descobertas de Ana e Grey.

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