Autora: Laurie Halse Anderson
Subtítulo: A Verdade nem sempre é o que enxergamos
Editora: Novo Conceito
272 págs.
2012
Desde seu lançamento queria ler esse livro, primeiro pela crítica positiva a narrativa (poética) da autora; a tempos não lia um texto tão envolvente e intrigante simultaneamente. E segundo pela temática desenvolvida (nunca tinha lido nada sobre anorexia, bulimia e autoflagelo para aliviar os tormentos) e para minha satisfação a autora tratou do tema com uma sensibilidade enorme, retratando a realidade sem dramas desnecessários.
Fui lendo aos poucos sem cobranças e tentei ao máximo me colocar no lugar da Lia (protagonista da história) e confesso que fiquei intrigada para entender seus motivos e ao mesmo tempo me colocava no lugar dos seus pais que faziam o que podiam para ajudá-la e não obtinham o resultado esperado. Acredito que a autora tentou com essa história dar um alerta sobre essas doenças crônicas (transtornos alimentares) que costumam aparecer na adolescência e se não forem diagnosticadas a tempo levam a morte.
Nessa história conhecemos duas amigas Lia e Cassie que tentam encontrar sua identidade e se encaixar em algum grupo, mas acabam sofrendo bullying na escola e se isolando para assim serem as meninas mais magras da escola; e assim acabam fazendo uma aposta inconsequente que as deixam obcecadas por uma magreza que fica no limite entre a vida e a morte (perigolândia como chama Lia). Uma acaba desenvolvendo a bulimia (força o vômito sempre depois da alimentação e toma laxantes e diuréticos) e a outra a anorexia (não come quase nada), assim somos apresentados a esses dois distúrbios.
Lia é uma personagem crítica e sarcástica (devido a seus traumas, perdas, tentativa de se firmar socialmente (ao sofrer bullying na escola acaba se sentindo inferior) e familiarmente). Durante a narrativa encontramos juntos no texto: imaginação, recordações, situações reais e atuais em que Lia está vivendo e por isso o leitor precisa ficar atento para não se perder na narrativa que muitas vezes acaba sendo poetica. Nesse ponto temos o exemplo de como a mente de pessoas que passam por esse tipo de doença é confusa e conflitante.
" Eu sabia como machucava ser filha de pessoas que não te enxergavam, nem se você estiver na frente deles, pisando nos seus pés." Pág. 15
"Ele não suportava me ver doente. Ninguém suporta. Eles só querem ouvir que você está melhorando, está em recuperação, levando um dia de cada vez. Se você fica emperrada no "doente", então deveria parar de perder o tempo deles e morrer de uma vez." Pág. 83
Lia critica a ordem natural das coisas (o cotidiano) e não entende como
as pessoas comem de forma natural sem se preocupar com calorias etc.
Ela cria situações falsas para que todos acreditem que ela comeu, além de conseguir alterar seu peso real na balança (eu ficava passada com a criatividade dela nessas situações). Quando os pais a mandavam comer ela costumava pensar: "Quem quer se recuperar? Levei anos para ficar magra daquele jeito. Eu não estava doente; eu era forte." Pág. 31 "Ser vazia é ser forte e invencível." Pág. 119
"A dor dos cortes tinha um sabor diferente. E ajudava a não pensar sobre como meu corpo, minha família e minha vida tinham sido roubados de mim, ajudava a não me importar ..." pág. 162
Convido todos a lerem esse livro, acompanharem a vida da Lia e se surpreenderem com o final da história.
Enfim acredito que essa leitura é indicada para todos que tem curiosidade no assunto, para todos que gostam de histórias intrigantes inspiradas na realidade e para todos que querem desenvolver a sensibilidade para entender e até ajudar quem passar por uma situação dessas e muitas vezes está mais próxima do que imaginamos.
"Não existe cura mágica, nem como fazer tudo desaparecer para sempre. Existem apenas pequenos passos adiante; um dia mais fácil, uma risada inesperada, um espelho que não importa mais." Pág. 269
FIQUE ATENTO:
NA ANOREXIA:
Medo de engordar
Restrição da alimentação
Perca excessiva de peso
Prática excessiva de exercício físico
Os períodos menstruais tornam-se irregulares ou mesmo inexistentes
NA BULIMIA:
Medo de engordar
NA BULIMIA:
Medo de engordar
Alimentação compulsiva (incapacidade de controlar tais episódios)
Peso normal
Os períodos menstruais tornam-se irregulares
Uso excessivo de laxantes, diuréticos e/ou indução do vômito
Obrigada por visitar, ler e deixar sua opinião!!!
Não esqueça de deixar o endereço do seu blog para que eu possa retribuir seu comentário, ok!!!
Não esqueça de deixar o endereço do seu blog para que eu possa retribuir seu comentário, ok!!!
Oi Aline!
ResponderExcluirEsse livro é diferente de tudo que eu já li, acho que é por isso que foi tão impactante. A escrita da autora é mais desleixada, para nos inteirar realmente dos pensamentos da Lia. Mais para o final comecei a não gostar do rumo da história, mas isso melhorou logo depois. A Laurie é ótima, quero muito ler os outros livros dela!
Beijos,
http://lucyintheskywithbooks.blogspot.com.br
Oi Aline,
ResponderExcluirAcho muito importante esse tema ser abordado na literatura também, afinal pode servir de alerta para alguém que tenha um conhecido que esteja passando por isso ou mesmo que a pessoa esteja.
Mas não sei se lerei, ler sobre essas coisas costumam me desanimar :(
http://www.eucurtoliteratura.com/
Oi Aline,
ResponderExcluirLi "Fale!" da mesma autora e foi um livro que me fez refletir bastante, acho que essa é uma característica dos obras da Laurie. "Garotas de Vidro" é um livro que quero ler já faz um tempinho e depois de conhecer a forma como a autora escreve essa vontade só aumentou.
Beijos,
Gabi | Vida de Bookaholic
Oi Aline ^^
ResponderExcluirTenho muita vontade de ler esse livro. Ganhei-o num sorteio faz alguns anos e ele está parado na estante, mas desse ano não passa! Sua resenha me deu mais vontade ainda de ler.
Pelo que pude perceber, é uma história "densa", porém que vale a pena ser lida.
Parabéns pela resenha!
Beijinhos e boas leituras
Isabelle - http://attraverso-le-pagine.blogspot.com.br/
Oi Aline!
ResponderExcluirEsse foi o primeiro livro que li sobre o assunto, me lembro. Faz um tempinho agora. A leitura foi agradável, diferente e muito informativa. Fiquei agoniada em várias partes por causa das doenças das meninas.
Beijos,
alanahomrich.blogspot.com.br
Oi Aline, tudo bom? Eu adoro livros que tratem de temáticas bem pesadas como esse trata. Sempre tive curiosidade em ler e com sua resenha fiquei ainda mais curiosa! Eu também me incomodo muito com meu peso, já deixei de comer fazer exercícios compulsivamente, mas acabei tirando isso da minha cabeça e agora tento me aceitar do jeito que eu sou.
ResponderExcluirBom, não sei se você já leu "Os 13 porquês", mas se não, leia! Trata de suicídio na adolescência, que também é um tema bem pesado. Mas que vale a pena ler pra tentar entender um pouco da cabeça do ser humano.
Beijos, lendocomabianca.blogspot.com
Oi amiga,
ResponderExcluirUma vez fiz um seminário na faculdade com o tema transtornos alimentares. Lembro que na época eu e meus colegas vimos vários vídeos com relatos e dia a dia de adolescentes com bulimia e anorexia. É muito triste a realidade dessas jovens e a intervenção, seja familiar ou médica, é bem complicada.
Já faz um tempo que desejo ler este livro, mas vou adiar mais um pouco. Não estou no momento de ler histórias tristes, apesar de não saber o final do livro..
Beijos amiga,
http://versosenotas.blogspot.com.br/
Nossa Ni, fiquei arrepiada só de ler.
ResponderExcluirE adoro livros que nos transportem a temas tão reais e tão presentes na vida de algumas pessoas.
Deve ser um drama de tirar o fôlego e realmente fiquei intrigada com que fim leva essas personagens.
Uma leitura maravilhosa pelo visto.
Beijosss
Fer