A Devolvida - Donatella Di Pietrantonio

Editora: Faro Editorial

(Cortesia em parceria)

2019 - 158 págs.

Sinopse:  Skoob

Assim que soube desse lançamento confesso que fiquei impactada pela capa, sabe aquela capa que te prende!? Senti isso e logo em seguida o título me fez pensar no que o enredo me traria e no que me faria refletir, fiquei com um pouco de medo de ser uma história muito densa e dramática, daquelas que nos deixam abalado, mas ao ler a sinopse e conferir a quantidade de páginas concluir que deveria ser algo tocante mas sem tanto aprofundamento e por uma ótica mais inocente por se tratar de uma protagonista na adolescência. Solicitei e esperei ansiosamente para ler, mas devido a greve dos correios acabei demorando a ter em mão esse livro maravilhoso. Quando recebi comecei a ler logo e ao virar a última página fiquei com aquele gostinho de quero mais. 

A narrativa é em primeira pessoa pela protagonista de 13 anos, mas percebemos em determinado momento que ela está recordando seu passado e isso nos deixa até tranquilos ao saber que ela está bem após tudo que passou.

Os capítulos são curtos (de uma a três páginas) o que deixa a leitura eletrizante e dá a possibilidade de ler aos poucos caso você tenha pouco tempo para ler por dia.

Em 'A Devolvida' da italiana Donatella Di Pietrantonio iremos conhecer a história de vida de uma garota que aos treze anos é simplesmente deixada por aquele que acreditava ser seu pai, na casa de pessoas desconhecidas que segundo ele são seus pais verdadeiros. Ela fica em choque por tudo, primeiro por nunca ter sido informada que tinha sido adotada e segundo por estar 'sendo devolvida' sem saber porque; ela queria saber onde tinha errado para poder 'se concertar'. 

Ao chegar na casa da 'sua família' percebe que ninguém a estava esperando nem a queria de volta, isso faz seu retorno ser ainda mais estranho e pra completar 'sua mãe' não se despediu nem manteve contado ao longo dos dias. Ela começa a se perguntar se sua mãe estaria doente e não poderia mais cuidar dela, mas isso a perturba por não ser um motivo plausível para devolução, algo maior estaria acontecendo, mas ela só descobriria quase um ano depois. Nesse meio tempo ela irá ter que conviver e conhecer uma 'família' complicada e financeiramente abaixo do padrão que ela estava acostumada, ou seja terá que se adaptar a um padrão de vida carente em tudo.

Ela tem vários irmãos e uma irmã para conviver e logo de cara consegue conquistar Vincenzo, o irmão mais velho e a Adriana, a única irmã, com quem dividirá a cama e terá como aliada para saber como as coisas funcionam naquela nova realidade. Na escola sofrerá bullying por ser 'A devolvida' e por ser inteligente acima da média da escola. Mas ela aprende que precisa viver um dia de cada vez e acaba conseguindo força para lidar com tudo que não está em suas mãos mudar e acaba conseguindo um jeito de ir atrás da mãe (aquela que a criou) por ainda ter esperança de voltar a sua antiga realidade ou no mínimo entender o que aconteceu.

O que posso dizer é que essa leitura entrou para lista de melhores do ano por ter conseguido de forma objetiva e com uma protagonista que soube falar de suas dores sem mimimis apesar da pouca idade, creio que ela amadureceu muito rápido e conseguiu através do seu exemplo motivar o leitor a não perder a esperança porque dias melhores sempre chegam, no tempo que tem que ser, mas que apesar das dores e perdas que enfrentamos na vida não podemos baixar a cabeça e desistir, devemos seguir da melhor forma possível sem perder nosso lado bom e ajudar aqueles que estão correndo ao nosso lado (ela nunca deixou de ajudar seus irmãos).  

Posso dizer que esse livro me fez bem e me ajudou a ser mais resistente as dificuldades e a olhar alguns problemas por outra ótica e por isso eu mega indico ele a todos que sentiram-se atraído pelo tema de alguma forma. Acredito que 'A Devolvida' tem tudo para agradar você também. Fica a dica!!!

"Desde que fui devolvida a ela, a palavra mãe aninhou-se em minha garganta como um sapo que dali nunca saiu." pág. 20

"Essa daí só causa problema. Vocês não podem devolvê-la para quem cuidava dela antes?" pág.21

"Somente eu, que nunca tinha visto a violência de perto, estava assustada." pág. 25

"Eu me lembrava do mar para tentar dormir ao menos um pouco. O mar estava a poucos metros da casa que eu pensava que fosse minha e onde vivi desde pequena, até poucos dias atrás." pág. 27

"Não consigo acreditar em uma família que nunca vi e que  agora, de repente, me quer de volta." pág.30

"Não sou um pacote, vocês têm de parar de me mudar de um lugar para o outro." pág.99

'A mãe que nunca perdi é a mãe dos meus medos." pág.100

"Eu fiquei órfã de duas mães vivas. Uma me entregou quando eu ainda tinha seu leite na língua, a outra me devolveu quando eu tinha treze anos. Eu era filha de separações, de laços de parentesco falsos ou omitidos, de distâncias. Não sabia mais de quem eu provinha. No fundo, até hoje não sei." pág.106

Obrigada pela atenção!!!

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