Bolo de limão com sementes de papoulas - Cristina Campos

 


Editora: Faro Editorial
(Lido em parceria)
2022 - 288 págs
Sinopse: Skoob


Trecho da Sinopse:

"Esta é uma emocionante história sobre amizade, maternidade, segredos e receitas esquecidas. Mas, especialmente, sobre mulheres que, já adultas, decidem trilhar novos caminhos. Em uma pequena cidade da Espanha, duas irmãs que se distanciaram ainda na adolescência, são obrigadas a se reencontrar, depois que recebem uma herança deixada para ambas por uma senhora da qual nenhuma delas têm lembrança. Tantos anos separadas, elas agora são como duas estranhas, que pouco sabem o que se passou em mais de uma década com a outra."

A primeira coisa que chamou minha atenção nesse livro foi essa capa linda, não vou mentir. Logo em seguida fiquei curiosa para saber qual a relação entre a herança, a separação das irmãs e o tal bolo de limão e garanto que essa leitura me surpreendeu de tal forma que se tornou inesqueível e já favoritei para esse ano.

No inicio da leitura tive um pouco de dificuldade porque não gosto muito de leituras que não seguem a ordem cronológica e que possuem capítulo enormes, mas depois de um tempo me acostumei com a forma que a autora distribuia a narrativa e logo peguei ritmo e o envolvimento com os personagens e suas histórias foi acontecendo de forma natural.

O foco desse livro fica entre duas irmãs: Anna (que está em um casamento falido, mas que não consegue sair e em conflito com a filha) e Marina (uma médica, ginecologista que trabalha para a ONG Médicos sem fronteiras e que no momento está na Etiópia (África)). Elas terão que se reencontrar depois de uma década devido uma herança conjunta recebida de alguém que elas nem lembram e esse reencontro mudará a vida delas para sempre.

Marina quando chega em Maiorca percebe que sua irmã não mudou nada e que continua numa relação tóxica entre outros problemas e por isso antes de assinar a venda da propriedade que herdaram decide investigar quem era a senhora que deixou esse bem para elas e o motivo de tal decisão. Percebe que ela era a padeira local e que sua ajudante após uma vida de trabalho está sem emprego, numa pequena ilha de Maiorca onde a vida cotidiana segue um ritmo mais lento e natural. Devido os momentos vividos com a avó ela aprendeu a fazer bolos e pães e assim decide reabrir a única padaria da ilha, mesmo que temporariamente e essa decisão deixa muita gente feliz, menos o marido de sua irmã que já tinha planos para a parte deles no lucro da herança. 

Dessa parte em diante muita coisa impactante acontece e muitos personagens ganham destaque, e esse foi um dos pontos que mais chamou minha atenção. A forma como a autora consegue entrelaçar as histórias de vida dos personagens, seus sentimentos, desejos e tornar todos importantes, e além disso fazer o leitor sentir as dores, desejos, sonhos e medos de cada um, simplesmente não tem preço. 

Fiquei impressionada com o pouco que foi relatado do dia a dia dos médicos sem fronteira desde as realidades de conflitos e carência de materiais para os pacientes tão necessitados de tudo, além da dificuldade de infraestrutura para os médicos residirem nesses ambientes. Outro ponto que me chocou foi a burocracia e absurdos envolvendo a adoção internacional.

Outro ponto que me envolveu muito foi o relacionamento das irmãs Anna e Marina, suas lembranças do passado e a forma como o reencontro possibilitou elas mudarem suas vidas por completo, redescobrirem o amor, a maternidade, o perdão e se permitir tomar atitudes antes impensadas. Finalizei essa leitura com lágrimas nos olhos de tristeza e alegria ao mesmo tempo e posso dizer que preciso ver o filme. 

Amei a forma como a autora me fisgou e brincou com meus sentimento, mas o final fez com eu entendesse tudo que foi contando em 'Bolo de limão com sementes de papoulas'. Minha dica claro é leiam essa obra e se permitam envolver e emocionar, não irão se arrepender.  



Maiorca - Espanha

"Uma casa é o lugar onde alguém é esperado."

"Amava como qualquer outra mulher, talvez com menos paixão, mas com toda a sinceridade de que era capaz."

"Fazia um ano que ela não saía da África, onde, apesar da extrema pobreza, tudo parecia pintado com cores alegres: laranja, verde, amarelo ..."



Etiópia - África

"Marina passou a admirar cada vez mais essa velha intelectual, cujas rugas ela considerava cada vez mais lindas, e seus olhos cada vez mais límpidos. Úrsula tinha o sorriso de uma mulher que se divertiu a vida inteira, fazendo coisas interessantes, sendo fiel a si mesma e aos demais."

"Lola, eu não vou embora, enquanto não descobrir por que você me deu sua vida de presente: sua casa e todas essas pessoas tão gentis que sempre a acompanharam."

"Marina, que era uma mulher de exatas, que lia apenas as leituras obrigatórias do colégio e os livros de especialização em medicina, passou a desfrutar do prazer da leitura. Úrsula soube como apresentá-la aos poucos, os livros de suas mestras, com quem aprendeu e continua aprendendo. Jane Eyre, O amante, A casa dos espíritos, Como água para chocolate, Mulher em guerra (...) e os meses foram passando calmamente, entre trigo e literatura, ao mesmo tempo que crescia uma bonita amizade entre essas três mulheres solitárias."

"Nessa casinha de pedra perdida no meio das montanhas, tudo parecia ter vida. A escassos quilômetros em sua mansão de mármore, tudo parecia estar morto."

"Marina tinha descoberto um espaço novo em seu coração para dar amor a uma menina que precisava do amor de uma mãe."



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