Para amar Graciliano - Ivan Marques

Autor: Ivan Marques
Editora: Faro editorial
(Parceira com a editora)
2017 - 171 págs.
Adicione: Skoob

Lembro-me que quando comecei a conhecer os autores clássicos da literatura brasileira na escola gostei logo de cara do Graciliano Ramos. Isso aconteceu porque pela primeira vez eu estava lendo sobre a realidade, quer dizer, um autor que fazia críticas sociais e fazia questão de mostrar as condições humanas de locais antes 'desconhecidos'. Para mim foi revelador, não apenas os temas propostos, mas a forma como ele escrevia e construia seus personagens, além disso a forma como ele refletia sobre a escrita, através de vários personagens que tentavam escrever livros por acharem que qualquer um o poderia fazê-lo, muito interessante.

A oportunidade de ter o livro 'Para amar Graciliano' em mãos foi muito interessante porque pude relembrar os livros lidos no passado, já que através dos capítulos o Ivan Marques analisa as obras e os relacionamentos que o autor teve e que influenciaram em sua vida e escrita. Assim pude perceber detalhes antes desconhecidos, já que eu era muito jovem na época que os li. Fiquei com vontade de reler os livros, quem sabe eu pense em um projeto para o próximo ano!!??? 

"Curiosamente só escreveu quatro romances, muito diferentes entre si - Caetés, São Bernardo, Angústia e Vidas Secas." pág.7

Eu não sabia, mais segundo o crítico Otto Maria Carpeaux, "mais do que Machado de Assis, que sabia disfarçar, é Graciliano Ramos o maior pessimista desta literatura pessimista que é a brasileira." pág. 10 

"Enquanto tantos escritores de renome vão sendo infelizmente esquecidos, Graciliano é cada dia mais lido e admirado, em especial pelas novas gerações. (...) ele é uma força viva, incômoda, áspera como um sol estridente, que toca de maneira profunda os leitores." pág.7

"Só conseguimos deitar no papel os nossos sentimentos, a nossa vida. Arte é sangue, é carne. Além disso não há nada." pág.9

O Ivan Marques deixa claro que seu maior desejo é que 'Para Amar Graciliano' ajude além dos limites das salas de aula, a formar novos leitores, além claro de ampliar o prazer daqueles que já amam o autor. 

"Quanto mais enxuto, mais áspero e contundente se torna o texto. (...) 
A concisão não é pobreza, mas o embrutecimento da linguagem, 
que, espelha a degradação do mundo observado." págs.14/15

Graciliano teve sua obra dividida basicamente em duas: ficção e confissão. E o que é interessante perceber é que "o ponto de vista em seus livros a respeito dos pobres não é o "de cima", não tem origem na casa grande. Não se enreda na "cordialidade" e na fusão emotiva com o povo, descrita e celebrada no Ciclo da Cana-de-Açúcar, de José Lins do Rego, nem se restringe ao paternalismo da ficção proletária de Jorge Amado." Pág.36 

Na minha opinião, esse livro deve ser lido como se o leitor estivesse vendo um documentário 'rico' em informações sobre algo que despertou sua curiosidade ou sobre algo que ele tanto gosta. Apesar de ter uma linguagem bem mais simples que os livros normais de literatura, confesso que não consegui me envolver muito e achei até um pouco cansativo, essa leitura não é indicada para quem está com pressa, dever ser lida aos poucos para que sua mensagem seja melhor absorvida. 

Penso que essa série como um todo será muito útil como livro de consulta simultânea a leitura dos títulos dos autores e claro de aprofundamento sobre o trabalho dos mesmo. Enfim fica a dica de leitura para todos que tem sede de descoberta e conhecimento.

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