Aída - Um conto de Liberdade - Mariana Ribeiro

 

2020 - 71 págs

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Um dos pontos mais marcantes da escrita da autora Marina Ribeiro, na minha opinião, é sua pesquisa de extrema qualidade, ela faz o leitor ter a sensação de que todo o enredo é real e  assim acaba se sentindo dentro da história. É uma experiência de conhecimento e reflexão, além de uma viagem no tempo. Para quem ama romances históricos pode ler as histórias da autora que será garantia de satisfação.

Em 'Aída' conheceremos a história de Aída Gusmão uma mulher que nasceu livre mas foi escravizada ilegalmente na infância. Ela tenta a todo custo voltar a Bahia para reencontrar sua mãe, mas acaba sendo recapiturada no Rio de Janeiro e passando por várias humilhações e castigos que eram comuns aos escravos na época (1850). Mesmo assim não desiste de planejar mais uma fuga, mas as coisas não saem como ela imaginava. Apesar de tudo ela acabará por encontrar um novo motivo para viver e ajudar quem sofre com a escravidão.

A autora consegue nos apresentar um pouco dos absurdos da escravidão e não esquece de citar um pouco da situação da mulher, de uma forma geral, das brancas também. A Luta pelos direitos femininos e as condições da educação também são lembrados. Muito interessante e importante a abordagem desses temas.

É isso meus amores, espero ter passado uma ideia do que vocês podem esperar desse conto histórico maravilhoso. Leiam e formulem suas impresões. Permita-se conhecer um autor naciuonal e a literatura nacional. Fica a dica!!!

<<< Quotes >>> 

"O objetivo dela ao fugir da fazenda em Valença e seguir para a Corte era apenas um: pegar um vapor com destino a Salvador, a sua terra natal."

"O instinto de sobrevivência falava mais alto a todo instante."

"Um pequeno grito escapou dos lábios de Aída, que institivamente ergueu os braços ainda presos pelos grilhões de ferro, diante do peito, se sentindo humilhada (...)."

"A escrava demonstra ser muito culta e refinada apesar de sua origem, graças ao convívio em tenra idade com uma família de intelectuais pelos lados de Salvador."

"Eu sou uma mulher livre, cuja história de vida foi deturpada pelos homens que me submeteram à condição de escrava. Apenas mais uma entre tantas que só preenchem as páginas dos anúncios de jornais."

"O sentimento que prevalecia ao ouvir o teor do anúncio era de profunda revolta e indignação."

"Ela é exímia ao piano, sabe bordar, ler, escrever, além de falar um pouco de francês e inglês."

"Independentemente de o ato ser consentido ou não, nada mudaria o fato de elas terem sido submetidas ao abuso, em razão da posição que ele ocupava nas relações de poder."

"Eu vi alguns homens brancos falando por nós. Eles se auto intitulavam abolicionistas, mas eles desconhecem as nossas dores, e isso deslegitima toda a luta dos nossos antepassados, a nossa própria luta, compreende?"

"Se ainda hoje o acesso aos estudos é algo improvável para uma mulher branca e da elite, o que dizer então quando a mulher é negra?

Com os homens de cor acontece praticamente o mesmo Aída."

"Devemos ser atuantes na causa que nos diz respeito diretamente, utilizando os recursos e as ferramentas de que dispomos."

"Ativista negra, liberta e futura líder de uma sociedade secreta."

(Só para ilustrar a Aída do final da história, empoderada e cheia de planos!!!)

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