Acredito que nada acontece na nossa vida por acaso e posso usar a forma como esse livro chegou até mim como um exemplo disso. Eu confesso que sempre evitei ler sobre o nazismos e todo mal que ele causou e por esse motivo quando a editora lançou o livro acabei não solicitando o livro, mas por um equivoco qualquer ele chegou pra mim e deixei ele guardado para quando me sentisse preparada para ler. Garanto que minha relação com essa leitura foi tão perfeita que a autora sobrevivente de Auschwitz me tocou verdadeiramente, agora confesso querer saber mais porque como a Eva Mozes falava, não podemos esquecer tudo que aconteceu precisamos abrir os olhos para evitar que algo assim volte a acontecer.
Mas a melhor coisa desse livro pra mim foi que ele não estava carregado de sentimentos pesados, nem me deixou angustiada enquato lia; claro que numa narrativa em primeira pessoa consegui me conectar bem com a Eva e ter uma noção do que ela vivia e de como encarava cada situação. Para quem é sensivel como eu, garanto que pode ler porque Eva não detalhar o ocorrido, ela diz o que acontecia no campo de concentração a medida como ela vai entendendo o que está acontecendo, uma menina de 10 anos com sua irmã gêmea tendo o contato com a morte tão de perto e tendo que se virar para sobreviver aos experimentos do Dr. Josef Mengele, o anjo da morte.
No inicio Eva nos conta como era a vida no Vilarejo de Portz, na Transilvânia, Romênia, perto da fronteira com a Hungria e como era sua família. "Percebo que minhas batalhas com o papai me fizeram resistente, tornaram-me ainda mais forte. Aprendi a driblar a autoridade. Essas batalhas com o meu pai sem querer me prepararam para o que estava por vir." E em relação a mãe ela fala que ela fazia questão delas estudarem e aprendessem a cuidar dos outros e isso ajudou muito na forma como ela sobreviveu a tudo.
Ela fala em como o Antissemitismo começou a chegar ao país, ela não entendi porque as pessoas não gostavam deles apenas por eles serem judeus. Metiram começaram a ser contadas para colocar todos contra eles e elas sofreram primeiro na escola, com livros mentirosos sobre seu povo e depois tendo que usar roupas para diferenciá-las das outras crianças. Tudo de errado que acontecia na escola era culpa delas. Ela fala que apesar de tudo que estava acontecendo com os Judeus em vários paises seus pais pensaram que não chegariam até eles e assim seguiram e numa certa noite, todos os Judeus foram colocados em um trem e levado, tiveram que abrir mão de tudo que tinham (parece um filme de terro imaginar tal coisa acontecendo e ninguém fazendo nada). "Choro de pessoas confusas e desnorteadas. Choro de pessoas que viam com certeza que seus pesadelos tinham se tornado realidade. Todos juntos, os choros ressoavam como a última e mais inimaginável dor de perda humana, de desconforto emocional e sofrimento."
Chegando ao campo de concentração eles foram divididas e não viram mais seus pais e irmãs mais velhas. Elas foram levadas com outros gêmeos para o Dr. Josef Mengele (o anjo da morte) e seus experimentos com gêmeos. Eles tinham alguns "privilégios" em relação aos outros presos como não precisar raspar os cabelos e usar roupa de presidiário, mas viviam mal alimentados, sujos ... além de serem o tempo todo testados com as mais variadas doenças para ver como reagiam e quem sobrevivesse passava para outro nível de experiências. O Foco maior de Eva em toda essa situação era não se entregar e sobreviver um dia de cada vez e ajudar sua irmã, mais frágil, a sobreviver também. "O Dr. Mengele queria descobrir o segredo dos gêmeos. Um objetivo de seus experimentos era aprender a criar bebês louros de olhos azuis em números múltiplos para aumentar a população da Alemanha. Hitler chamava de arianos, a raça superior e nós éramos suas cobaias humanas."
Aprendi muito com essa leitura, eu não sabia que muitos médicos e enfermeiros que ajudavam Mengele eram de pessoas detidas ou prisioneiras. "No primeiro ou segundo dia, Miriam e eu só chorávamos. Mas logo percebemos que chorar não ia ajudar em coisa alguma. Durante a maior parte do tempo, sentíamo-nos entorpecidas."
"Estar em Auschwitz era como estar num acidente de carro todos os dias. Todos os dias acontecia algo terrível."
"Eu odiava aquelas injeções. Mas me recusava a chorar de dor, porque não queria que os nazistas soubessem que estavam me machucando. (...) Eu as tomava como o preço a pagar por sobreviver."
"Nem mesmo os favoritos de Mengele eram tratados como humanos. Éramos substituíveis. Descartáveis."
De uma forma geral iremos acompanhar a lutas de Eva para passar por todo esse terror e quando a ajuda começa a chegar, não pense que foi fácil porque os Nazistas fizeram de tudo para "queimar" todas as provas de seus atos. Essa parte foi bem tensa e só lendo para entender. Não é spoiler dizer que elas sobrevivem porque na apresentação do livro já sabemos mas a forma como isso acontece nos emociona. E a volta para "casa" também não será fácil, será que alguém tinha sobrevivido, será que ainda tinha casa para voltar já que tudo havia sido confiscado ou destruido? Minha gente que barra e imagina vivem com todo esse trauma? Muitos sobreviventes passaram a viver seus dias com ódio, com medo ... já Eva foi pro outro caminho ela criou a ONG Candles para localizar outros gêmeos sobreviventes e fundou o Museus do Holocausto Candles para expor ao público tudo que eles tinha passado, ela lutou para que esse absurdo não fosse esquecido e ao seu modo demonstrou para o mundo que não podiamos julgar todos os Alemães por causa de seus antepassados e muitos filhos, netos de nazistas a ajudaram nessa luta (para mim esse ponto também foi uma mensagem de superação enorme, marcante).
É isso gente, só leiam esse livro. Garanto que irá valer a pena!!!!
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