O Garoto do cachecol vermelho - Ana Beatriz Brandão


Ana Beatriz Brandão
Editora: Verus
2016 - 293 págs
Sinopse: Skoob

A editora Verus capricha nas capas e eu estaria mentindo se não confessasse que fui fisgada por essa e que além disso decidi ler por ser um livro nacional e muito elogiado pelas amigas. O que achei mais interessante foi a decisão da autora de colocar uma protagonista negra (poucos autores o fazem) e por tentar esclarecer o leitor sobre a doença 'Esclerose Lateral Amiotrófica' e sobre o trabalho da ABrELA (Associação Brasileira de Esclerose Lateral Amiotrófica) que ajuda quem tem a doença.

Os personagens dessa história são tão bem construídos e ricos em sentimentos que até meses depois após ter lido a história ainda os sinto tão perto e me emociono com suas vidas. Todos tem uma evolução perceptível ao longo do texto, principalmente a protagonista Mel, que começa desagradando a maior parte dos leitores e para aqueles que persistem na leitura e se deixam envolver pelas situações que ela vive, entenderão e torcerão para que ela cresça e valorize o que realmente importa na vida.


Nessa narrativa em 1° pessoa pela ótica da Melissa Azevedo Garcia (uma jovem rebelde, mimada e bem chata no inicio) que tem insonia, não se relaciona bem com a mãe e sofre por não ter conhecido o pai que faleceu em um acidente de moto dois meses antes de seu nascer. Coloca todas as suas forças no sonho de fazer balé na escola Juilliard.

Sua vida começa a mudar quando conhece um garoto na noite de réveillon. Daniel Oliveira Lobos (dono de olhos azuis lindos) um artista que a impressiona por suas atitudes e por não aceitar o que ela fala (ela sempre foi obedecida e seguida) e ela se sentiu desafiada. Depois de se conhecerem melhor na escola Daniel decide que quer ajudar Mel a ver a vida de um jeito mais leve, melhorar seus valores e encontrar motivos para ser feliz. Por isso propõe que ela o acompanhe por dois meses em tudo que ele fizer (assim ela iria conhecer pessoas diferentes, com vidas diferentes da dela e ampliar seus horizontes e perspectiva de vida). E caso não desse certo ele a deixaria em paz. Ela topa e os resultados são inimagináveis.

Gostei demais porque a autora insere na sua história vários temas de importância, ao meu ver, para leitores de todas as idades. Além de esclarecer sobre uma doença rara, no crescimento dos personagens com preconceito etc. Ela fala de relacionamentos abusivos, agressão, dietas loucas e seus riscos a saúde entre outros temas. A Ana Beatriz Brandão apesar de novinha é muito consciente da realidade e se empenha em fazer ser papel como autora que leva informação e consciência crítica aos seus leitores.

Por fim outra coisa que gostei muito nessa história foi a possibilidade de conhecer um pouco mais da história de vida dos personagens principais e secundários, dessa forma tudo me pareceu mais real (Os pais dos protagonistas tem uma história de muita luta que inspira o leitor a pensar e seus vida e a de seus pais, para assim entender o porquê das coisas serem como são).

Acontece tanta coisa nesse livro que daria uma série, mas para alegria dos fã já está sendo filmado o filme ... assalto, acordo com o"vândalo" e uma quase agressão do namorado ... essas são algumas das cenas fortes dessa história. Para quem ainda não leu, eu mega indico e para quem já leu, vamos esperar o filme \o/



<<< Quotes >>>

"Eu nunca tinha cruzado com alguém que não fizesse o que eu queria no momento em que eu exigia. Minha mãe, eternamente culpada por suas ausências, sempre dava um jeito de providenciar o que eu mandava." pág.28

"Agora aquele garoto queria me enfrentar, dizer o que eu deveria fazer. Hahaha. Ninguém  manda em mim. Ninguém ousa  determinar  o que eu devo ou não fazer. Ninguém se atreve a falar na minha cara que as minhas coisas não são importantes." pág.28

"Ele realmente sabia ganhar as pessoas em cima do palco, ainda mais com aquele sorriso. estava claro que se segurava para não andar de um lado para o outro, como se dentro se dentro dele houvesse um tipo de energia incontida." pág.38

"Nunca fui magra. Sempre tive as coxas grossas e a cintura fina, o chamado tipo violão, que poderia deixar qualquer mulher com inveja, mas não uma bailarina. Elas têm o corpo retilíneo, seios pequenos e pernas final e delicadas. São como estátuas perfeitas, com tudo no lugar, curvas suaves e quase imperceptíveis - o contrário de mim, então sempre precisei usar certos artifícios para me manter em forma. Dieta era meu nome do meio, e comida, minha inimiga." pág.39

"A dança é a única coisa que me dá a sensação de plenitude. Lembro da primeira vez que vi uma bailarina de verdade, quando tinha sete anos. Foi um show na Broadway (...) fiquei encantada." pág. 41

"Daniel tinha esse poder sobre as pessoas. Ele era como um farol no meio da noite escura, um ponto de luz que você tem que seguir se quiser sobreviver. Eu tinha que admitir: estava começando a me sentir atraída por esse farol. Alguma coisa nele mexia comigo. Eu só não sabia se era do jeito bom ou do jeito ruim." pág.43

"Mel, eu sei como a audição para aquela faculdade é importante para você, mas, amiga, a vida é curta. Você tem que se divertir, aproveitar, dar uns amassos ... faz parte do "ser jovem e linda"! É um bônus!" pág.59

"Quando foi a última vez que você quis tanto alguma coisa que seria capaz de sacrificar tudo para conseguir?" pg.62

"Você é a pessoa mais estressada, preconceituosa, egoísta, materialista e antipática que eu já conheci. (...) E mesmo assim eu gosto de você. Gosto do tipo: ei, ela merece uma segunda chance de se redimir, não é? Posso tentar ajudar! (...) Você não é feliz e, se quiser, pode me contar por quê." pág.70

"Não pude deixar de me sentir surpresa ao perceber que tínhamos a mania de perfeição em comum." pág.83

"Precisava demonstrar, sentir o que a música dizia. O Sentimento que a "personagem" tinha. Não era simplesmente chegar e dançar qualquer coisas. Precisava fazer sentido, e esse era o maior problema. Era assustador ter que demonstrar aquele amor, aquela tristeza e insegurança diante de pessoas que provavelmente nem me levariam a sério. mas eu tinha que fazer. Por mim. Pela Juilliard. e por ele. para ele." pág.111

"Eu queria impressioná-lo mais do que qualquer coisa. Queria mostrar que minha vida não eram só problemas; havia, sim, algo em que eu era boa. A única coisa na qual eu realmente acreditava, a única coisa que eu amava e a única à qual me dedicava. Era a minha luz no fim do túnel. Assim como eu sabia que o garoto do cachecol vermelho, como era conhecido, poderia ser também." pág.111


"Até que ele não estivesse mais lá para enxergar aquela esperança e depositar sua confiança em mim, eu sabia que poderia fazer qualquer coisa, até mesmo o impossível." pág.112

"A cada dia que se passava, mais vontade eu tinha de aprender tudo o que ele sabia, mesmo que fosse pouca coisa." (...) Éramos incríveis quando estávamos juntos." pág.167


"Esclerose Lateral Amiotrófica é uma doença que afeta os neurônios motores e faz a pessoa perder todos os movimentos do corpo." pág.175


"É como se o corpo se tornasse a prisão da mente. Você continua pensando da mesma forma que sempre, mas não consegue se mexer nem falar. Como ... como o Stephen Hawking!" pág.176


"Eu era orgulhosa demais para pedir desculpas, ainda mais quando Daniel estava envolvido. Eu sentia como se ele me avaliasse a cada passo que eu dava, apesar de não ser verdade. Eu só queria agradá-lo e, ao mesmo tempo, fazê-lo gostar de mim do jeito que eu era." pág.179




  P.S. A postagem ficou enorme, mas não tinha como ser diferente!!! Quem leu entenderá!!!


Obrigada pela atenção!!!
Deixem suas impressões nos comentários ok!!??

8 comentários:

  1. Oi Aline tudo bem? Ainda não li esse livro mas só escuto coisas boas sobre ele, parece uma leitura completa em todos os sentidos, relacionamentos abusivos, preconceitos adorei gosto muito de ler livros sobre essas abordagens, parabéns pela resenha me deixou ansiosa para ler e foi bem direta e informativa, obrigado pela dica, bjs!

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  2. Oi, tudo bem?
    Vim do post 'A Garota das Sapatilhas Brancas' pra conhecer mais dessa história. Desde que vi esse livro pela primeira vez a capa foi o que mais me chamou atenção. Desde que comecei a fazer ballet estou sedenta por histórias com esse tema. Apesar de não ser meu gênero preferido (sou mais de fantasia, terror, mistério, suspense...) estou pensando em dar uma chance para esse livro e se gostar lerei o segundo também!

    Beijos;

    Mente Hipercriativa
    FanPage Mente Hipercriativa

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    1. Mais duas dicas para vc então ... 'Quero ser Beth Levitt' e 'Senhorita Aurora' (ainda não os li, mas tenho e pretendo ler em breve e são com personagens bailarinas).

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  3. Oi Aline.

    Eu estou com este livro no Kindle para ler, mas ainda não adicionei na meta de leitura. Preciso parar com essa enrolação e aventurar desta história o mais rápido possível. A sua resenha aumentou minha curiosidade, principalmente sobre os relacionamentos abusivos e dietas loucas. Tema bem interessantes. Obrigada pela dica.

    Bjos
    https://historiasexistemparaseremcontadas.blogspot.com/

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  4. Oiiii, apesar de ver muitos elogios a esse livro, não consigo ter meu interesse despertado para realizar a leitura. Mas concordo com você, que ela traz muitos temas importantes, que merecem ser lidos e compreendido por nós! Fico feliz que tenha sido uma leitura bacana para ti!

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  5. Oii!
    Eu sou extremamente apaixonada por esse livro ❤️
    É um dos melhores que já li em toda a minha vida! Fico feliz que você também tenha gostado.
    Beijos

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  6. Olá Aline, tudo bom?
    Aquela que nunca escolheu um livro pela capa que atire a primeira pedra né? rs Eu não sabia bem do que se tratava esse livro - apesar de ser apaixonada pela capa - e confesso que fiquei encantada com o enredo do mesmo e com todas as temáticas abordadas. Curti muito saber sobre o desenvolvimento dos personagens e sobre o amadurecimento de cada um deles através das vivências as quais eles se propõe. Já anotei a dica e espero poder conferir em breve, e claro, me apaixonar por essa leitura como você se apaixonou! Ps: já fiquei encantada pelos quotes ♥
    Beijos!!

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  7. Oi Aline.

    Não li nada da autora, mas cada vez mais as resenhas me deixam extremamente curiosa! Adoro narrativa em primeira pessoa, pois acredito que a gente consegue se conectar ainda mais com os personagens. Já ganhou um ponto comigo haha. E adoro quando há assuntos importantes narrados, principalmente para diversas idades. Quero muito ler!

    Beijos,
    Blog PS Amo Leitura

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