"Não se trata da história de uma garota morta, mas de quem ela era antes de tudo acontecer.
Quando Alice Lee chegou a Nova York aos 18 anos, com apenas 600 dólares e uma câmera furtada, ela estava procurando por um novo começo. Um mês depois, Alice se torna mais uma vítima de assassinato que não pôde ser identificada. Ruby Jones também está tentando recomeçar depois de um relacionamento conturbado. Ela atravessou o mundo em busca de paz, de uma nova oportunidade… até que encontra o corpo de Alice às margens do rio Hudson. A partir desse encontro, as duas mulheres formam um vínculo inquebrável. Alice tem certeza de que Ruby é a chave para resolver o mistério sobre como tudo aconteceu. Ruby, lutando para esquecer a tragédia que presenciou, se recusa a deixar Alice ir... pelo menos até que ela tenha a oportunidade de contar a própria história.
Bublitz não criou um Thriller comum, mas um mistério psicológico em sua melhor forma."
Não tem como ler essa sinopse e não ficar curioso, então juntamente com a arte da capa que me fisgou decidi solicitar em parceira com a editora e garanto que não me arrependi, fui lendo aos poucos e garanto que o livro nos faz um ALERTA muito importante sobre alguns tipos de violencia e abusos sofridos pelas mulheres, desde situações de preconceito, desmerecimento, relacionamentos tóxicos, abusivos, obsessivos, agressões e morte.
O foco fica em NY, cidade onde gente do mundo todo se encontra, com suas diferenças e particularidades, e onde o índice de mulheres assassinadas e que não podem ser identificadas é cada dia maior, um absurdo. Apesar dessa parte ser triste e interessante ao mesmo tempo, a autora não foca tanto nela (acho até interessante quando ela diz que não dára espaço para detalhes sobre o assassino porque esse livro não será palco de suas loucuras mas sim sobre mais uma jovem que teve todo seu futuro roubado de forma revoltante) mas sim em nos apresentar como era a vida da Alice, 18 anos, antes de ser morta e garanto que ela passou por muitas situações dificeis, desde a perda da mãe até conseguir chegar em NY e ter a oportunidade de recomeçar ao lado de um amigo que a estava ajudando, mas acabou dando 'azar' e acabando na hora e lugar errado =( e perdendo a vida.
Também iremos acompanhar a história de Ruby (Designer, 36 anos) que decidi ir a NY em busca de uma vida melhor, ela que só coleciona decepções amorosas ... enquanto se exercitava encontra o corpo da Alice e fica em completo choque, mas chama a polícia e decide que não permitirá que Alice seja mais uma garota morta e sem nome, ela fará de tudo para ajudar a polícia a desvendar quem fez esse absurso. Garanto a vocês que fiquei impressionada com o desfecho desse livro e como a Ruby foi imprudente e corajosa ao mesmo tempo. Penso que ela teve a real empatia, tomou as dores da Alice e se colocou no lugar dela e não descansou até fazer a alma de Alice descansar ao fazer todos saberem o que realmente tinha acontecido com ela.
Ruby acaba ficando amiga de Lennie, uma jovem embalsamadora (especialista em reconstrução) que vê e vive a vida de um jeito bem curioso. "Acho que sou meio maquiadora, meio mágica." pág.145 Ela encontrou essa vocação após ser rejeitada para medicina. Bem curioso. Gostei dela. Elas se conhecem na reunião de um grupo chamado 'Clube da Morte' para pessoas que passaram por situações que a mudaram. Ruby após encontrar o corpo de Alice decide que não vai mais ficar sozinha e precisa compartilhar o que sente com outros. Isso muda sua vida, ela não quer mais restou e sim superar suas limitação e começar a viver de verdade.
Esse livro daria um bom filme, tem tudo para o sucesso!!! E o último capítulo é daqueles que faz o leitor sentir que valeu a pena ter se envolvido com esse enredo e ter acompanhando cada personagem e claro sai com a sensação de ter vivenciado algo tão intenso e inesquecível. Amei ler toda história e ver como a vida e a morte de Alive mudou a vida de tanta gente, a intensidade como tudo aconteceu, fiquei emocionada. Leiam!!!!!
"Quando um homem descobre onde machucar você, a maneira como ele a toca muda. Ele não consegue se controlar e pressiona com força aquele local, não importa quantas vezes faça você chorar." pág. 12
"Jane Doe é um pseudônimo coletivo para mulheres, usado quando o nome verdadeiro é desconhecido ou está sendo intencionalmente ocultado. No contexto da aplicação da lei nos Estados Unidos, esses nomes são frequentemente usados para se referir a um cadáver cuja identidade é desconhecida ou não confirmada." pág.13
"Agora pertenço apenas a mim mesma. Não sou mais uma menor de idade, protegida pelo Estado. Com a adição de apenas um dia, não há mais ameaça sobre minha cabeça, não há mais uma lista de estranhos com o poder de controlar a minha vida. Tenho dezoito anos e, de repente, ninguém pode me tocar." pág. 14
"Mais tarde (...) um homem, com os dedos no meu pescoço, prova que estou errada. Ele vai zombar da minha sinceridade, rir da ideia de uma garota como eu fazendo seu próprio mundo. Ele terá tanta certeza do próprio direito sobre o meu corpo que não deixará nada além da memória daquela garota para trás." pág. 16
"Ruby entende, nesse momento, que a vida parou de acontecer a ela. Ela ficou parada no meio de muitos verões e invernos, de muitas pistas de dança e festas de outras pessoas e, simplesmente acordou no dia seguinte mais velha do que antes. Por muito tempo, nada mudou. Ela fez uma pausa enquanto o homem que ama vai conquistando a vida dele, oferecendo o menor dos espaços para ela se encaixar, pedindo a ela que se diminua para que ele possa mantê-la bem ali. Sozinha." pág. 20
"Talvez as pessoas que parecem corajosas estejam apenas fazendo o que têm que fazer. Então, não é uma questão de coragem fazer as malas e deixar uma vida, apenas a falta de qualquer outra opção e a repentina percepção de que você, provavelmente, não tem mais nada a perder." pág.29
"Adoro olhar a cidade através das lentes de uma câmera; tudo muda quando você é o observador em vez de o observado." pág. 32
"Desta vez entreguei meu coração a um lugar, não a uma pessoa." pág. 33
"Eu quis escapulir da minha antiga vida sem ser notada." pág. 39
"Às vezes, uma pessoa sai de sua vida com tanta facilidade que você se pergunta se ela realmente existiu." pág.72
"Estive sempre procurando alguém que me amasse, que prestasse atenção em mim, que me visse?" pág.89
"O mundo mudou em apenas algumas horas. (...) Nós pensamos em anos, mas são as horas que de fato nos mudam." pág.112/113
"Uma mulher que não se sente mais confortável em seu próprio corpo, como se a violação de outra pessoa tivesse se infiltrado em sua própria pele." pág. 119
"Quão perto do perigo todas nós chegamos?" pág.125
"Lennie garante a Ruby que levou anos para se acostumar a ver os danos que as pessoas podem infligir umas às outras." pág.147
"Passei a pensar que a intensidade, não o tempo, é o que nos conecta." pág.147
"Pela primeira vez entendo que não são apenas os mortos que têm vidas que não chegaram a viver. As pessoas que ficaram para trás têm tantas versões de si mesmas inexploradas quanto caminhos possíveis que se fecham." pág.181
"Pego minha raiva de todas as pessoas que me decepcionaram e a remodelo." pág.199
"Alguns homens estão em constante vigilância. Procurando garotas que ninguém mais pensará em procurar quando elas se forem." pág.219
"Às vezes, é a rendição, não a luta, que salva uma vida." pág.254
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